Projeto aprovado no Edital nº 83/2020/SEJUCEL-CODEC 1° EDIÇÃO ALEJANDRO BEDOTTI DO EDITAL DE CHAMAMENTO PÚBLICO DE FOMENTO À CULTURA PARA PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DE EXPRESSÕES CULTURAIS, da LEI Nº 14.017, DE 29 DE JUNHO DE 2020 (Lei Aldir Blanc), da Superintendência Estadual da Juventude, Cultura, Esporte e Lazer (SEJUCEL) do Governo do Estado de Rondônia.
Título do projeto: Criação, publicação e lançamento do texto teatral “Fegues”
Proponente: Luciano Flávio de Oliveira
Trata-se da criação e publicação do texto teatral inédito “Fegues”, do artista Luciano Oliveira. De caráter autobiográfico e inspirado nas vidas de mais 5 homens gays de Porto Velho, o texto “Fegues” (aportuguesamento da palavra inglesa fags, traduzido como bichas), segue linha dramatúrgica que o pesquisador Daniel Furtado, da UFPel, chama de “dramaturgias do real e depoimento autobiográfico: compartilhamento do eu”. A trama se passa em Porto Velho (RO), em 2021, trazendo, em síntese, texto-denúncia sobre homofobia e complexidades amorosas homoafetivas.
SINOPSE:
Um grupo de seis artistas “fegues” (bichas) – Renato, Caio Fernando, Nêgo, Belx, Diamond e Flávio – tentam criar, sem muito sucesso, uma dramaturgia coletiva de um espetáculo teatral realista contemporâneo, de temática LGBTQIA+. Entre cenas descontraídas e coloridas, canções, danças, lembranças tristes e improvisações, um jogo polêmico, proposto pelo ator e diretor Flávio, cria tensões entre o elenco, fazendo surgir fantasmas do passado, recordações desagradáveis e ciúmes; colocando em xequeum grupo de teatro com poética e estética já em vias de consolidação. Até que ponto o profissionalismo, a confiança e o respeito resistem?
O texto pode ser baixado, gratuitamente, a partir da entrada abaixo:
Legenda da imagem: Seminário “Processos Criativos em Tempos de Pandemia de COVID-19: do Teatro Convivial à Arte Tecnovivial” encerra programação da 3ª edição da Mostra de Encenações do DArtes/UNIR. Arte de Luís Gustavo Aldunate.
No encontro, que acontecerá a partir das 14h e será coordenado pelo Professor Dr.Luciano Oliveira, os alunos do Curso de Licenciatura em Teatro da Universidade Federalde Rondônia (UNIR) comunicarão suas reflexões e conclusões acerca dos processosestético-poéticos dos projetos artísticos apresentados na III Mostra de Encenações doDartes/UNIR.
Os participantes do Seminário receberão certificados (de 4h/a) que serão produzidos pelaPró-Reitoria de Extensão, Cultura e Assuntos Estudantis (PROCEA) da UNIR. O evento contará com tradução em LIBRAS. O Seminário será transmitido no seguinte link: https://youtu.be/hlsXp212Pws
Espetáculos e vídeos disponíveis
Perdeu a apresentação ao vivo do espetáculo “Yalla, go!” que ocorreu na abertura da 3ªMostra de Encenações do DArtes/UNIR (26/03)? Não se desespere! Zahara, com sua cartilha cênica sobre como sobreviver em guerras e outras sabotagens, te espera nagravação do espetáculo que está disponível no nosso canal no Youtube: https://bit.ly/3w2LmfD
Assista ou reveja o segundo dia (27/03) da Mostra de Encenações do DArtes/UNIR, quecontou com quatro vídeos produzidos pelos acadêmicos da Licenciatura em Teatro daUniversidade Federal de Rondônia, uma homenagem especial ao Dia Mundial do Teatro,um bate-papo com o coordenador da MEDU, professor Luciano Oliveira, além deconversas com os criadores dos vídeos “Caipora”, “Avesso”, “A Carne” e “Eldorado”:Amanara Brandão, Rafa Correia, Vinicius Brito, Ádamo Teixeira, Jamile Soares, GrabrielCorvalan, Emerson Garcia e Sâmia Pandora. Veja a live no seguinte link: https://bit.ly/2PxlJCW
“Ela, Aquela e a Outra”, que contou com encenação de Stephanie Matos Dantas e atuaçãode Almício Fernandes, trouxe para o debate diversas formas de assédios aos quais asmulheres são submetidas diariamente. O espetáculo foi apresentado no domingo (28/03),seguido de um bate-papo com os artistas e os produtores da Mostra. A gravação datransmissão pode ser acessada no link: https://youtu.be/KuRL0Wtfeqs
Sobre a Mostra
A Mostra de Encenações é um projeto de extensão do Departamento de Artes da Universidade Federal de Rondônia, mais especificamente do Curso de Licenciatura emTeatro, com coordenação do Professor Dr. Luciano Oliveira. Trata-se de um evento no qualsão apresentados ao público os projetos de encenação e artísticos desenvolvidos pelosalunos das disciplinas Linguagem da Encenação Teatral e Fundamentos da DireçãoTeatral, ministradas por esse professor. Duas edições já foram realizadas no Teatro Guaporé, em Porto Velho (RO): uma em 2017 e outra em 2018. Em sua 3ª edição, a Mostra está sendo realizada totalmente on-line, em decorrência da pandemia do novocoronavírus.
O projeto da IIIMEDU foi contemplado pelo Edital nº 80/2020/Sejucel-Codec1ª Edição Pacáas Novos do Edital de Chamamento Público para difusão de festivais,mostras e feiras artísticas e culturais (Lei Federal 14.017/2020 – Lei Aldir Blanc).
Confira todos os detalhes da Mostra acessando nossas redes sociais onde compartilhamos os perfis dos artistas, memórias das edições anteriores e bastidores da III MEDU: Instagram, Facebook e Youtube.
Fonte: Texto de Dennis Weber – Assessor de comunicação da 3ª Mostra de Encenações do DArtes/UNIR
Imagem:Espetáculo “Ela, Aquela e a Outra” fechará 3ª edição da Mostra de Encenações neste domingo (28)
Depois de rir e chorar com Zahara na sexta-feira (26), debater questões atuais após a exibição dos vídeos no sábado (27), hoje (domingo – 28) é dia de encerrar as exibições de trabalhos artísticos da 3ª Mostra de Encenações do DArtes/UNIR (IIIMEDU), com o espetáculo ao vivo “Ela, Aquela e a Outra”. O evento começará às 19h (horário de Rondônia) e será transmitido no canal da Mostra no Youtube: https://youtu.be/KuRL0Wtfeqs .
O espetáculo, que conta com encenação da acadêmica Stephanie Matos e atuação do acadêmico Almício Fernandes, trata sobre assédio moral, sexual e outros comuns no ambiente de trabalho. ‘‘Ela, Aquela e a outra’’ conta a história de três mulheres distintas que sofreram algum tipo de violência no ambiente de trabalho. ‘‘Ela’’ nos mostra fatos, ‘‘Aquela’’ nos provoca incômodos e a ‘‘Outra’’ nos traz reflexões. A classificação indicativa é de 16 anos.
Todos os espetáculos e vídeos da Mostra de Encenações contam com tradução/interpretação em Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) e audiodescrição. O projeto foi contemplado pelo Edital nº 80/2020/Sejucel-Codec 1ª Edição Pacáas Novos – Edital de Chamamento Público para difusão de festivais, mostras e feiras artísticas e culturais (Lei Federal 14.017/2020 – Lei Aldir Blanc).
Uma conversa com os artistas envolvidos no espetáculo e no evento acontecerá após a apresentação. O bate-papo será coordenado pelo Professor Luciano Oliveira. A programação da Mostra contará também com o Seminário Processos Criativos em Tempos de Pandemia de COVID-19: do Teatro Convivial à Arte Tecnovivial, que acontecerá no dia 30 de março, das 14h às 18h, e poderá ser acompanhado pelo link: https://youtu.be/hlsXp212Pws.
Sobre a Mostra
A Mostra de Encenações é um projeto de extensão do Departamento de Artes da Universidade Federal de Rondônia, mais especificamente do Curso de Licenciatura em Teatro, com coordenação do Professor Dr. Luciano Oliveira. Trata-se de um evento no qual são apresentados ao público os projetos de encenação e artísticos desenvolvidos pelos alunos das disciplinas Linguagem da Encenação Teatral e Fundamentos da Direção Teatral, ministradas por esse professor. Duas edições já foram realizadas no Teatro Guaporé, em Porto Velho (RO): uma em 2017 e outra em 2018. Em sua 3ª edição, a Mostra será realizada totalmente on-line, em decorrência da pandemia do novo coronavírus.
Saiba mais sobre a Mostra acessando nossas redes sociais onde compartilhamos os perfis dos artistas, memórias das edições anteriores e bastidores da III MEDU: Instagram, Facebook e Youtube
Arte: Luís Gustavo Aldunate
Texto: Dennis Weber – Assessor de comunicação da 3ª Mostra de Encenações do DArtes/UNIR
Legenda da imagem: 3ª edição da Mostra de Encenações do DArtes/UNIR começa nesta sexta-feira (26) com espetáculo ao vivo “Yalla Go”, do ator Junior Lopes.
Que tal sextar assistindo um espetáculo teatral, no conforto da sua casa, respeitando o isolamento social imposto pela pandemia da Covid-19? Essa é a proposta da 3ª Mostra de Encenações do DArtes/UNIR (IIIMEDU), que estreia nesta sexta-feira (26), às 19h, no Youtube. E para começar essa grande festa do teatro nada melhor do que uma personagem bem conhecida no circuito cultural de Rondônia e até de outros estados. Estamos falando de Zahara, interpretada pelo ator e professor Júnior Lopes, que saiu dos palcos presenciais e chegou com tudo na internet, no espetáculo “Yalla Go” criado exclusivamente para o meio virtual.
Zahara, que já estrelou o espetáculo “Tabule”, agora apresentará uma Cartilha Cênica ao vivo e on-line, em que ela, libanesa sobrevivente em duas guerras oficiais no Líbano e outras guerras pessoais, apresenta pratos cheios de memórias e lições de como permanecer de pé e se levantar diante de bombardeios. A personagem interpretada por Júnior Lopes é conhecidíssima na cena estadual, tendo circulado em eventos culturais na capital de Rondônia (Palco Giratório, Madeira Festival de Teatro) e em cidades do interior do estado (Festival Amazônico de Monólogos e Breves Cenas), além de ter fechado a 2ª edição da Mostra de Encenações, em em novembro de 2018.
A programação terá mais um espetáculo ao vivo (“Ela, Aquela e a Outra”- domingo – 28 /03) e exibição de quatro obras audiovisuais (“Caipora”, “Avesso”, “A Carne” e “Eldorado” – sábado – 27/07). Conversas com os artistas envolvidos nos espetáculos e obras audiovisuais acontecerão após as apresentações. Os bate-papos serão coordenados pelo Professor Luciano Oliveira. A programação da Mostra contará também com o Seminário Processos Criativos em Tempos de Pandemia de COVID-19: do Teatro Convivial à Arte Tecnovivial, que acontecerá no dia 30 de março, das 14h às 18h.
A Mostra de Encenações terá tradução/interpretação em Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) e audiodescrição. O projeto foi contemplado pelo Edital nº 80/2020/Sejucel-Codec 1ª Edição Pacáas Novos – Edital de Chamamento Público para difusão de festivais, mostras e feiras artísticas e culturais (Lei Federal 14.017/2020 – Lei Aldir Blanc).
Sobre a Mostra
A Mostra de Encenações é um projeto de extensão do Departamento de Artes da Universidade Federal de Rondônia, mais especificamente do Curso de Licenciatura em Teatro, com coordenação do Professor Dr. Luciano Oliveira. Trata-se de um evento no qual são apresentados ao público os projetos de encenação e artísticos desenvolvidos pelos alunos das disciplinas Linguagem da Encenação Teatral e Fundamentos da Direção Teatral, ministradas por esse professor. Duas edições já foram realizadas no Teatro Guaporé, em Porto Velho (RO): uma em 2017 e outra em 2018. Em sua 3ª edição, a Mostra será realizada totalmente on-line, em decorrência da pandemia do novo coronavírus.
Confira a programação completa da 3ª edição da Mostra de Encenações do DArtes/UNIR:
26/03 – Espetáculo AO VIVO “Yalla, go!”, de Júnior Lopes (Classificação Indicativa: 14 anos): https://youtu.be/C4dM9-KNtHA
27/03 – Mostra Audiovisual das obras “Caipora” (Rafael Correia, Amanara Brandão e Vinicius Brito), “Avesso”(Ádamo Teixeira, Jamile Soares e Gabriel Corvalan), “A Carne” (Emerson Garcia e Sâmia Pandora) e “Eldorado”( Jamile Soares, Ádamo Teixeira e Gabriel Corvalan) (Classificação indicativa: 16 anos): https://youtu.be/mAZECPVcUxA
28/03 – Espetáculo AO VIVO “Ela, Aquela e A Outra”, de Stephanie Matos e Almício Fernandes (Classificação indicativa: 16 anos): https://youtu.be/KuRL0Wtfeqs
30/03 – Seminário Processos Criativos em Tempos de Pandemia de COVID-19: do Teatro Convivial à Arte Tecnovivial: https://youtu.be/hlsXp212Pws
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Fonte: Assessoria de comunicação da 3ª Mostra de Encenações do DArtes/UNIR
III Mostra de Encenações do DArtes/UNIR é um dos projetos aprovados e acontecerá em março de 2021
Projetos de professores, alunos e ex-alunos do Curso de Licenciatura em Teatro da Fundação Universidade Federal de Rondônia (UNIR), submetidos em editais da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc e executados pelo Governo de Rondônia por meio da Superintendência Estadual da Juventude, Cultura, Esporte e Lazer (Sejucel), foram aprovados e já estão em fase de planejamento e execução. Os projetos serão realizados de forma remota, devido à pandemia de Covid-19.
Para o Chefe de Departamento do Curso de Licenciatura em Teatro, Professor Doutor, Luciano Oliveira, o sentimento com relação à expressiva quantidade de projetos de alunos e professores do curso aprovados é de orgulho. O docente destaca que essas aprovações demontram que “[…] nós professores estamos desenvolvendo um bom trabalho. Que contribuímos para o crescimento profissional, artístico e humano deles. Quanto aos colegas de trabalho, observo o amadurecimento, a consolidação e o reconhecimento das pesquisas artísticas de cada um. Inclusive das minhas. É muito bom fazer parte de um corpo docente com profissionais tão gabaritados. Isso é motivador, pois a cada projeto aprovado de um colega, aumenta em nós o desejo de também escrevermos e termos aprovados os nossos projetos. Trata-se de uma relação saudável de cooperação e de trocas artístico-acadêmicas. Assim, em todas as esferas, o crescimento é conjunto: crescem os alunos, os professores, a universidade e a comunidade teatral de Porto Velho”.
Três dos projetos aprovados contam com a colaboração do Professor Luciano Oliveira, dentre eles a III Mostra de Encenações do DArtes/UNIR (Medu III), que tem como proponente a acadêmica do curso de Teatro, Stephanie Caroline Matos Dantas. “A realização da III Mostra de Encenações do DArtes/UNIR, mesmo que de forma remota, demonstra a entrada definitiva desse evento no circuito de festivais e mostras artísticas do estado de Rondônia. Ou seja, é um evento que veio pra ficar. E, neste ano, particularmente, após a aprovação da III Mostra em um edital da Lei Aldir Blanc, a possibilidade de poder pagar cachês aos artistas e técnicos participantes é muito gratificante. Enfim, a Mostra caminha a passos largos rumo à profissionalização”, comenta o docente.
Sobre a III Mostra de Encenações do DArtes/Unir
A III Mostra de Encenações do DArtes/Unir (MEDU III) acontecerá, de modo on-line, em plataforma de streaming, entre os dias 26 e 28 de março de 2021. A Mostra de Encenações é um projeto de extensão do Departamento de Artes da Universidade Federal de Rondônia, mais especificamente do Curso de Licenciatura em Teatro, com coordenação do Professor Dr. Luciano Oliveira. Trata-se de um evento no qual são apresentados ao público os projetos de encenação e artísticos desenvolvidos pelos alunos das disciplinas “Linguagem da Encenação Teatral” e “Fundamentos da Direção Teatral”, ministradas por esse professor. “Já realizamos, com muito êxito, no Teatro Guaporé de Porto Velho, duas edições dessa mostra: uma em 2017 e outra em 2018. Na terceira edição teremos apresentações dos seguintes vídeos: Avesso, Eldorado, A Carne e Caipora – Cena 1: O Jardim do Éden. Contaremos ainda com a apresentação dos espetáculos convidados Ela, Aquela e a Outra, da encenadora Stephanie Matos Dantas, e que já cursou as referidas disciplinas, mas cuja turma não pode participar das mostras anteriores; e Yalla, go!, do professor e ator Júnior Lopes. Por fim, realizaremos, pela primeira vez, junto com a mostra, o Seminário Processos Criativos em Tempos de Pandemia de COVID-19: do Teatro Convivial à Arte Tecnovivial”, adianta Luciano.
Relação de todos projetos aprovados com seus respectivos proponentes:
Edital nº 77/2020/Sejucel-Codec 1ª Edição Mary Cyanne: Jamile Soares (A Cena Negra Amazônica), Amanara Brandão (Que palhaçada é essa?), Raoní Izoli Amaral (Sanfona do Norte), Flávia Alessa Diniz Galvão (A Borracheira) e Stephanie Caroline Matos Dantas (Gritos do Cotidiano – Rompendo Estruturas), Andressa Christiny do Carmo Bastista (Oficina Produção de eventos culturais em plataforma virtual), Anderson Ferreira (Futuro – Anderson Black),
Edital nº 83/2020/Sejucel-Codec 1° Edição Alejandro Bedotti: Amanara Brandão Dos Santos Lube (Uma Estética dos Restos), Luciano Flávio de Oliveira (Fegues), Luiz Daniel Lerro (Mancebarranco Porto Velho: um tablóide virtual de ousadas webperforsarte)), Raoní Izoli Amaral (A Festa Junina de Porto Velho) e Adailtom Alves Teixeira (Pioneiros: chegadas, partidas e travessias), Andressa Christiny Do Carmo Batista (Partidas e Mecânicas …).
Edital nº 78/2020/Sejucel-Codec 1ª Edição Jair Rangel “Pistolino”: Adailtom Alves Teixeira (Poético Visual); Anderson Ferreira (Elipses).
Edital nº 86/2020/Sejucel-Codec 1ª Edição Marechal Rondon: Amanara Brandão Dos Santos Lube (Entre Portos: narrativas às margens), Stephanie Caroline Matos Dantas (Website da Trupe dos Conspiradores), Taiane Sales Nunes (Portifólio artístico digital de Taiane Sales), Taiane Sales Nunes (Dicas da Palhaça Firmina); Andressa Christiny do Carmo Bastista (Breve Manual de produção Cultural para artistas independentes), Luiz Daniel Lerro (Fórum Performance arte Norte), Andressa Christiny do Carmo Bastista (Plataforma Semear Cultura)
Edital nº 80/2020/Sejucel-Codec 1ª Edição Pacáas Novos: Jamile Pereira Soares (Festival PalhAçaí), Raoní Izoli Amaral (I Mostra de Teatro Caixa Mágica), Stephanie Caroline Matos Dantas (III Mostra de Encenações do DArtes/UNIR (Medu III)), Taiane Sales Nunes (Mostra de Performances Feministas), Edmar Leite (m.TAPIRI ed PerformArte.RO).
Para conferir todos os projetos selecionados em Rondônia acesse o link: https://bit.ly/3q4u7Hn. Para mais informações sobre a Lei Federal 14.017/2020 (Lei Aldir Blanc), que foi criada com a finalidade de auxiliar trabalhadores da cultura e os espaços culturais no período de isolamento social, decorrente da pandemia da Covid-19, acesse o link: https://bit.ly/3cR2air .
Legenda da imagem: Sucesso de público na II Mostra de Encenações do DArtes/UNIR, realizada em novembro de 2018, a personagem Zahara, de “Tabule”, da Cia Peripécias de Teatro Universitário e interpretada pelo ator e professor Júnior Lopes, retorna em nova cena na 3ª edição da Mostra, que acontecerá de 26 a 28 de março de 2021
Este texto é uma tentativa de respostas à algumas perguntas que fiz a respeito da crítica do jornalista carioca Mauro Ferreira, publicada hoje no G1, sobre o novo álbum da cantora Fernanda Takai intitulado “Será que você vai acreditar?”, cujo lançamento aconteceu ontem (10/07/2020) nas principais plataformas digitais, como o Spotify e o Youtube.
Não ficarei aqui discorrendo detalhadamente sobre cada música, numa tentativa de interpretá-las, pois muitos textos desse tipo já foram escritos por jornalistas nos últimos dois dias.
O que me incomodou na crítica do Mauro Ferreira não é a nota dada por ele ao álbum (* * * 1/2), mas sim o fato do seu texto me parecer ser mais uma tentativa, dentre muitas, de imposição de regras ingênuas e mercadológicas à produção artística contemporânea (ou pós-moderna).
Como artista periférico e professor de uma universidade periférica, de Rondônia, com a maior parte da minha formação artístico-acadêmica ocorrendo em cidades e universidades fora do eixo Rio-São Paulo, sempre senti na pele o desdém e a descrença pelo meu trabalho. E, de certa forma, isso parece ser um espinho em minha trajetória profissional, haja vista todas as dificuldades que passei para alcançar os lugares que ocupo e os papéis sociais que exerço.
Muito bem, como professor-artista, na área de teatro, tento orientar os meus alunos-artistas para trilharem um caminho liberto das caixas e amarras estético-estilísticas e de gêneros. Ou seja, para que criem suas artes dos modos e formas que quiserem – desde que se debrucem em realizar o trabalho com sensatez e da maneira mais ética e responsável socialmente. Na Universidade Federal de Ouro Preto, quando cursei Direção Teatral, fui educado desse jeito; o que pode produzir um certo medo pelo fato de o educando não saber muito bem para onde ir ou como começar. Todavia, isso é libertador.
Ao sair da universidade e começar a navegar pelos difíceis mares do mundo profissional, comecei a me defrontar com os vomitadores de regras, inclusive nas instituições do sudeste em que eu tentei ingressar no mestrado e no doutorado. E onde fui eu conseguir ser livre e realizar a pesquisa que eu queria? Justamente num lugar completamente fora do eixo, mas de uma beleza incrível e com uma população acolhedora e aconchegante: Florianópolis. Lá na longínqua (isso, obviamente, dependendo de onde se olha) e maravilhosa Universidade do Estado de Santa Catarina. Quantas saudades!
Até aqui parece que estou girando atrás do meu próprio rabo, mas os atentos leitores entenderão onde eu quero chegar.
Periférico que sou, desde a adolescência, sempre tive as minhas quedas pelas produções artísticas e manifestações culturais que não pretendiam ser “as melhores, as maiores, as mais bonitas, as mais visitadas, as mais tocadas nas rádios, as que mais atraíam público aos teatros e as que davam mais audiência para os programas de televisão”. Sendo assim, os meus gostos começaram a tornar-se esquisitos, inclusive musicalmente. Logo, apaixonei-me, por exemplo, pelo Pato Fu e pela Fernanda Takai. Isso, em 1992, quando no Brasil a axé music, o pagode, o funk e a música sertaneja começavam a ocupar cada vez mais espaço na mídia. Eu, um rapaz gordo, pobre, nerd, tímido, usando óculos vermelhos doados pela prefeitura, de voz fina e afeminado – e que sofria todo tipo de bulling – era considerado estranho. Pelos meus gostos e práticas comecei a ser rejeitado.
Há 28 anos ouço Pato Fu e Fernanda Takai. E outras muitas bandas e cantores taxados pelos críticos apenas como fofos ou excêntricos. Aprendi a reconhecer os rifes da guitarra de John Ulhoa, a discernir os graves do baixo do Ricardo Koctus, a não misturar os ritmos ensandecidos da bateria furiosa de Xande Tamietti (e, mais tarde, de Glauco Mendes), a não confundir a voz de Fernanda Takai com a de Adriana Calcanhotto (que, aliás, também adoro!), etc. Os estilos de cada membro que já passou por essa banda independente, e que ainda continua a tocar e cantar com ela, bem como com a banda da carreira solo de Fernanda Takai, eu sou capaz de reconhecer. E, como fã, leitor fervoroso de críticas e resenhas, artista, já entendi que tanto a banda quanto a cantora não podem (e não devem) ser encaixados em determinados gêneros musicais. Correndo aqui o risco de reduzir a sua vasta produção musical, que vai da criação de trilha sonora para espetáculo de bonecos (do Giramundo) até canções compostas e/ou regravadas para filmes e novelas, poder-se-ia dizer que o ecletismo e o hibridismo (duas das muitas características da arte contemporânea) são ferramentas de trabalho para Fernanda Takai e o Pato Fu.
Detendo-me mais agora à crítica do jornalista Mauro Ferreira, eis o comentário que escrevi lá na matéria publicada no G1:
Crítica por deveras tendenciosa! Não basta ser jornalista para escrever sobre arte. A sensação que tenho, enquanto artista, é que escritos desse tipo soam como ditadura de regras. As escolhas dos artistas devem, antes de qualquer coisa, serem respeitadas. Goste o crítico ou não!
E o que mais me incomodou nos escritos desse jornalista? Vejamos alguns trechos da crítica estúpida e mordaz de Mauro Ferreira:
O álbum de Takai resulta mais relevante quando a cantora expõe questões, melancolias e dilemas surgidos nesse momento turbulento atravessado pela humanidade. (…) as duas ótimas primeiras músicas do álbum – Terra plana (outra canção de John Ulhoa) e Não esqueça, título inédito em disco do cancioneiro do compositor gaúcho Nico Nicolaiewsky (1957 – 2014) – sinalizaram álbum alinhado com os dias de hoje (…). Nesse sentido, em que pese a aura “música de brinquedo” da faixa, a recriação fofa de One day in your life (Sam Brown III e Renée Armand, 1975), sucesso na voz do cantor Michael Jackson (1958 – 2009), se alinha com o tom do disco. (…) A questão é que nem todas as faixas do álbumSerá que você vai acreditar? se afinam com o espírito do disco. É inacreditável que, quase ao fim do álbum, apareça festiva faixa bilíngue, em português-japonês, de clima dance-pop-disco, Love song, gravada por Takai com Maki Nomiya, cantora japonesa revelada como integrante do duo Pizzicato Five (1985 – 2001). (…) E o que ninguém talvez vá dizer é que, nesse mosaico delicado de sentimentos, a regravação de Love is a losing game (Amy Winehouse, 2006), em clima de bossa eletrônica, funciona como lance errado de Takai em jogo de azar. Takai pode ter acertado ao baixar os tons de One day in your life, mas dilui toda a intensidade da balada de Amy Winehouse (1983 – 2011), cujo repertório perde a veemência se for cantado por intérpretes sem vozes incandescentes. (…) É também curioso notar que Takai se sai melhor nas músicas inéditas. (…) Tivesse resistido mais à tentação de abordar sucessos alheios, a cantora talvez estivesse apresentando um grande álbum solo (…). (Negritos meus).
O crítico, que parece ter visão limitada sobre música e sentimentos, pois “suele” desconhecer as poéticas da arte e da vida, tenta reduzir a relevância do álbum apenas às “melancolias e dilemas” criados pela pandemia de coronavírus. Como se, neste período – difícil, é claro! – tudo se resumisse a melancolias e dilemas. É como se ninguém se divertisse ficando em casa; ou como se ninguém pudesse amar, à distância, aquela que está do outro lado do oceano, festejando alegremente com a amiga um encontro musical português-japonês. Sim, cara pálida, é crível que coisas maravilhosas aconteçam em momentos de guerra, porque somos humanos, seres paradoxalmente complexos e esquisitos.
Mauro Ferreira, Será que você vai acreditar? soa como um “metaalbum”, em que dois ou três álbuns diferentes rodopiam dentro de um único eixo. Isso quer dizer que esse trabalho não é só pop-rock, ou rock, ou mpb, ou bossa nova, ou música eletrônica; é mais um trabalho, dentre muitos da cantora, em que os gêneros são chacoalhados no seu (e do John Ulhoa também) divertidíssimo “liquidificador estilístico” (o conceito é meu, tirado do meu primeiro livro). E pasme, até trilha sonora de espetáculo teatral (Who are you?) tem nesse álbum. Duvido que o senhor sabia disso! Ou se sabia, não se lembrava, talvez por não ter conseguido digerir o enlouquecedor espetáculo Alice no País das Maravilhas do Giramundo Teatro de Bonecos, cuja paisagem sonora é executada, ao vivo, pelo Pato Fu.
Sobre o que apontou como sendo uma “recriação fofa”, parece-me mais uma incapacidade sua de achar as palavras ou categorias adequadas para a versão que o casal John Ulhoa e Fernanda Takai fizeram para a canção de Michael Jackson.
Quanto a dizer que Takai “dilui toda a intensidade da balada de Amy Winehouse, cujo repertório perde a veemência se for cantado por intérpretes sem vozes incandescentes” (idem), é o mesmo que dizer que para cantar as canções dessa talentosíssima cantora inglesa, somente as cantoras com timbres e extensões vocais parecidas à dela o podem fazer. Mais uma ingenuidade do seu cérebro-caixinha!
Essa passagem da crítica do Mauro me fez lembrar de um momento em que eu resolvi inscrever o espetáculo teatral Inimigos do Povo, dirigido por mim,no edital “A Ponte” do Itaú Cultural, de São Paulo. A proposta da Trupe dos Conspiradores, bem como todas as outras dos alunos e professores do Curso de Licenciatura em Teatro da Universidade Federal de Rondônia, foi rejeitada pela comissão de análise. Até aí tudo bem, pois não ser aprovado em um edital cultural é algo muito comum para qualquer grupo de teatro. O problema é descobrir que esse espetáculo não foi selecionado porque nós da Amazônia não podemos montar Ibsen, ou Shakespeare, ou Brecht; visto que estamos fadados a falar somente sobre a floresta, sobre nossa fauna, nossos mitos e nossas mazelas. Porém, um grupo paulistano famoso – ligado à poderosa USP – vir fazer pesquisa de campo numa tribo do Acre para montar o seu espetáculo de temática indígeno-amazônica é algo bastante natural. Os “lá de baixo” (Rio-São Paulo) podem fazer qualquer coisa, haja vista intitularem-se como o centro difusor da arte, do pensamento e do imaginário da nação. Agora, nós “aqui de cima” somos apenas mais uma parte da imensa periferia excluída dos holofotes do eixo.
É importante lembrar que Fernanda Takai é “aqui de cima”, nascida em Serra do Navio, no Amapá. E, apesar de Minas Gerais, onde ela reside desde criança, estar na região sudeste, aos olhos do eixo do mal (expressão muito recorrente no universo do futebol mineiro), esse montanhoso estado bandeia-se mais para cá do que para lá. E eu não me envergonho, em hipótese nenhuma, disso. Recordo-me, com certa incerteza, de um repórter perguntar para Fernanda o por quê de o Pato Fu ter escolhido Belo Horizonte como sede da banda e não São Paulo ou Rio de Janeiro. Segundo tal repórter, esse grupo musical poderia fazer mais sucesso nessas cidades, porque elas são a referência da produção cultural do Brasil. É claro – sem o intuito de generalizações, até porque conheço boas exceções -, que esse pensamento comumente reflete-se no desequilibrado sistema de premiações dos editais, espelha-se nas críticas publicadas, representa-se no mundo das ideias e interfere, inclusive, na distribuição desigual das cotas de transmissão televisiva para os clubes futebolísticos brasileiros. Foi assim que a Rede Globo criou o monstro chamado Flamengo e conseguiu ser uma das grandes causadoras do Golpe de 2016. A criatura voltou-se contra a criadora, vide Bolsonaro na presidência e a negativa desse clube quanto à transmissão dos seus jogos por esse canal.
“Também cai mal o arranjo eletrônico que embota as intenções da canção O que ninguém diz, parceria (já em si pouco sedutora) de Takai com o poeta Climério”. Esse é outro trecho deselegante da crítica de Mauro Ferreira que desvaloriza (para não dizer outra coisa!) a criação artística do poeta piauense Climério Ferreira. O que será que o crítico quis dizer com pouco sedutora? Será que se a parceria de Fernanda Takai fosse com um poeta do eixo ela seria atraente?
Prezado Mauro, quantos cantores e cantoras já regravaram e se “aproveitaram” dos “sucessos alheios” em suas carreiras? Que pensamento mais atrasado é esse de originalidade? Voltamos a viver no século XIX ou nos primórdios do século XX? O que é ser original na pós-modernidade? Uma nova roupagem, ou releitura de um trabalho já existente, não é original porque alguém já o fez? Se fosse assim, nenhum diretor de teatro poderia mais montar Hamlet, porque, ao redor do mundo, esse belíssimo texto shakesperiano já foi usado centenas ou milhares de vezes em trabalhos teatrais. A originalidade na montagem do Hamlet reside justamente nas escolhas, individuais, que cada artista faz para abordar a peça de Shakespeare. Ora, segundo suas palavras, e suas falsas verdades, cantar as músicas de Michael Jackson, de Amy Winehouse ou até mesmo do espírito-santense Paulo Sérgio não é original, porque fulano, beltrano ou ciclano já o fizeram antes ou melhor? Quanta bobagem e crueldade nessas palavras. Falta ao senhor a experiência da criação, dos ensaios, dos shows, das turnês e circulações. Se soubesse o quanto é difícil e árduo o trabalho criativo, “será que o senhor iria acreditar?” nas suas próprias palavras?
Por fim, importa mencionar que compor um CD todo igual, sempre com o “mesmo espírito”, é tarefa para os sertanejos universitários, os sofrentes, os funkeiros e os religiosos.
Fonte da Imagem: Capa do álbum ‘Será que você vai acreditar?’, de Fernanda Takai — Arte de Renato Larini
Como funciona a plataforma virtual enquanto ferramenta de trocas de experiências artísticas em momento de isolamento social? De que maneira um processo pedagógico de dezenove dias, com apresentações de dezenove web-performances no dia 19 de junho de 2020 (sexta-feira, dia do Cinema Brasileiro, Dia Internacional para Eliminação da Violência Sexual em Conflito e Dia Nacional do Luto), às 19 h (horário de Porto Velho), pode aproximar as distâncias criativas e fazer os web-espectadores esquecerem por alguns minutos as angústias criadas pela pandemia de COVID-19 no Brasil e no mundo?
19Distâncias, evento web-performativo do projeto “Fórum Performance-arte Norte”, competentemente coordenado pelo professor Luiz Lerro, do Curso de Licenciatura em Teatro da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), e produzido por Andressa Batista e Betânia Avelar, é uma ação do Paky’Op (Laboratório de Pesquisa em Teatro e Transculturalidade), grupo de pesquisa acadêmica também coordenado por esse professor, que contou com o apoio do Departamento de Artes (DArtes) da UNIR. Ocorrido no Google Meet, um software que conecta salas de reunião ou espaço virtual a videochamadas, a ação, inédita em Rondônia, quiçá no Brasil, aproximou web-performers e professores-artistas de diferentes cidades do país (Porto Velho, Vilhena, Brasília, Ouro Preto, Belo Horizonte, Rio Branco e Belém) à 101 web-espectadores de diferentes regiões do Brasil (Sul, Sudeste, Norte e Nordeste), bem como do exterior (Portugal).
Enquanto espaço virtual, o Google Meet propiciou aos participantes o que Jorge Dubatti, importante filósofo teatral argentino, chama de Experiencia Tecnovivencial. Ou seja, pensando nesse ambiente de mediação tecnológica, experiências artísticas e relacionais entre web-artistas e web-espectadores. Nesse sentido, 19Distâncias contou com apresentações (e não representações!) de 19 web-performances-tecnovivenciais. E como toda tecnologia nos oferece ganhos e perdas, bem como problemas e soluções (ainda mais em se tratando da região Norte do Brasil, onde o sinal de internet é ainda precário), o web-evento obteve, no sentido artístico-pedagógico, um grande êxito.
No dia anterior ao web-evento, no “18Distâncias”, portanto, ocorreu um ensaio técnico/ensaio geral em que se definiu a sequência de apresentações, bem como se fez uma análise estético-poética das web-performances ensaiadas. Algumas dificuldades técnicas foram identificadas, principalmente em relação à variação de frequência do sinal de internet. Tal variação fez com que algumas imagens transmitidas chegassem com atraso em relação ao som, ou que essas imagens perdessem qualidade (pixealizando-se), que certas entradas (ao vivo) de web-performers atrasassem dentro da plataforma (isso comprometeu o fluxo da sequência de apresentações), etc. Mas, a despeito desses pequenos problemas, o ensaio transcorreu muito bem e deixou a todos os participantes esperançosos de um ótimo trabalho no dia seguinte. Agora, antes de entrar na crítica propriamente dita do evento, segue uma observação fundamental e de grande valor profissional: um ensaio técnico é muito importante para a observação de como as diferentes partes dos elementos do produto artístico ensaiado, que até então estavam isoladas, funcionam quando colocadas juntas num mesmo espaço-tempo da criação. Isso quer dizer, amados alunos e artistas envolvidos, o que é ensaiado no último dia que antecede a apresentação é para ser apresentado tal qual foi ensaiado. Grandes mudanças produzem enormes incertezas. E estas induzem ao erro, principalmente quando vários dos envolvidos no projeto têm pouca, ou até mesmo nenhuma experiência artística anterior. Obviamente que pequenas mudanças podem ser necessárias, principalmente em detalhes técnicos que foram apontados pelo coordenador e pelos demais como sendo problemáticos. Agora, mudança radical na estrutura da web-performance – alterando, inclusive, a sua narrativa textual, visual e/ou sonora -, é de matar de infarto qualquer artista que preza pelo mínimo de organização. Feita essa pequena advertência, passemos à alguns depoimentos críticos ao décimo nono dia do intrigante projeto 19Distâncias.
A professora Jussara Trindade, também do Curso de Teatro da UNIR, deu o seguinte depoimento por e-mail:
Eu gostei muito de “19Distâncias”! Foi bom demais ver como o entusiasmo do professor Luiz Lerro contagiou tantos estudantes-artistas de Teatro de Porto Velho, e um público de quase uma centena de pessoas que participaram até o final desta magnífica experiência cênica. Performances diversas, divertidas, tristes, surpreendentes, críticas, inteligentes. Algumas apresentando um alto grau de refinamento técnico; outras mais singelas, quase toscas. Algumas, inacabadas. Todas, porém, indistintamente, compartilhando uma enorme vontade de “dizer algo” por meio do teatro!
Creio que “19Distâncias” inaugurou uma nova forma de fazer teatro nestes tempos de interatividade tecnológica. Uma forma que se coloca, acredito, para além das “tecnologias da informação e da comunicação” apesar de serem, estas, as suas ferramentas óbvias. Uma forma tão curiosa, tão “real” embora “virtual”, que o público pode inclusive competir com o/a performer em sua presença cênica… ou até mesmo tentar sabotar a apresentação!
Já Walterlina Brasil, Diretora do Núcleo de Ciências Humanas (NCH) da UNIR e figura sempre presente nas produções do DArtes, seja como espectadora seja como artista, perguntada no WhatsApp se havia gostado das web-performances de 19Distâncias, escreveu o seguinte:
Em parte. Parte boa: a surpresa, algumas perspectivas de espaço a partir do uso do celular. Em alguns momentos: cansativo, óbvio ou confuso. Quem assiste nem sempre quer ser assustado, pode querer ser envolvido…
Nesse dia-noite inesquecível para muitos, por diversos motivos, como nas citações anteriores elencadas, o Brasil alcançou o escandaloso e vergonhoso número de 48.954 mortes dentre 1.032.913 casos confirmados de coronavírus. A sexta-feira registrou, só no estado de Rondônia, mais 549 infecções e mais 17 mortes. Logo, aqui, os números somados chegaram a 14353 infectados com 391 óbitos. Sobre algumas dessas cifras alarmantes, o web-performer Almício Fernandes, aluno do Curso de Licenciatura em Teatro da UNIR e importante ator rondoniense, em seu inteligente trabalho Normose nos deu alguns detalhes, por meio de uma alucinante dinâmica rítmico-vocal e close-ups oculares esquizofrênicos. Começando pelo número 1, ou seja, pela primeira morte por infecção de coronavírus no país, ele passou pelos dados numéricos mais marcantes, intercalando essas informações com o dito “Novo Normal”. Sobre esse conceito, Maria Aparecida Rhein Schirato, professora do Insper, em entrevista dada ao site dessa instituição, disse isto:
O novo normal, na verdade, seria a proposta de um novo padrão que possa garantir nossa sobrevivência. Faço um paralelo com a experiência que tive de ter vivido uma parte da minha vida em locais com neve. Para viver em um centro urbano com essa condição climática, você tem um kit neve, composto por gorro, cachecol, luva, bota, capote e lenço de papel. Sem esse kit, você está absolutamente desprotegido e corre sérios riscos de ficar doente.Esse kit neve dá um pouco de trabalho. Nos primeiros dias, você estranha muito. A tendência é você ficar mais encolhido por causa do frio, ter um certo mal-estar ao entrar em uma loja aquecida ou ao ter que tirar as luvas ao manusear um cartão bancário.Aos poucos, você se acostuma com o kit. Não por ser agradável, mas por te dar segurança. Rapidamente, neste caso, nós, que vivemos em um país tropical, entramos em um novo normal.O que está sendo proposto, agora, é um kit Covid. Um kit de segurança. Vamos ter que andar com máscara, mais contidos, menos expansivos, como se estivéssemos no frio. Guardando certa distância, talvez com luvas e, de certa forma, nos primeiros dias, vamos achar tudo muito estranho, mas a garantia da segurança de que não vamos ficar doentes e não transmitiremos doenças fará com que assimilemos esse kit de uma forma indolor.Ou seja, entraremos em um novo padrão de normalidade. Reforçando, normalidade é o padrão que me garante sobrevivência dentro de um grupo. Logo vamos nos habituar com esse kit Covid e, certamente, sentiremos falta se não o utilizarmos.
Questões relacionadas à essa nova normalidade, causada pelo COVID-19, perpassaram, além da web-performance de Almício Fernandes, inúmeros trabalhos apresentados em 19Distâncias. Inclusive, quatro artistas envolvidos no evento sofreram na pele, na alma e no coração, as dores físicas e psicológicas desse terrível vírus. Jamile Pereira, também aluna de Teatro da Unir e atriz da Trupe dos Conspiradores, do Teatro Ruante e da Cia Peripécias, infelizmente, nem conseguiu apresentar-se, porque estava com fortes sintomas da doença. Ela, gentilmente, e de forma emocionada, me deu um precioso depoimento, no WhatsApp, sobre essa experiência:
Ficar de fora foi difícil, pois queria muito ter participado e me esforcei pra isso. Essa doença parece que tira o que mais nos deixa feliz. Mas vai passar! Aliás, já está terminando. Ficar isolada e ainda não poder fazer o que gostamos é difícil, mas fiquei feliz em ver os resultados, me deu alegria e esperança.
Vai passar, Jamile! Vai passar! Na próxima apresentação, muitas outras virão, sua web-performance constará da programação. Fica aqui a nossa gratidão e homenagem por todo o seu esforço e comprometimento com o projeto.
Imagem 1: Entre Paredes, processo criativo de Jamile Soares.
Foto: Jamile Soares.
Ainda dentro da temática COVID-19, Ádamo Teixeira, meu companheiro de vida e das artes, discente do Curso de Teatro da Unir e ator da Trupe dos Conspiradores, apresentou sua web-performance “Travesti Covidada” ainda com traços de coronavírus em seu organismo. E eu, crítico-cronista que vos escreve, que ajudei na organização cênica dessa web-performance, também contraí o vírus. O trabalho de Ádamo Teixeira traz em seu bojo imagens relacionadas à doença: máscara, luvas, álcool gel e faca-ameaçadora-cortante. Em sua elegante sala de atendimento, a travesti cigana – ainda sem nome – prepara seus objetos sexuais para brincar com seu hipotético cliente. Web-performando a partir da recém-lançada canção Não Esqueça, interpretada pela cantora amapaense-mineira Fernanda Takai, a travesti contaminada desfila pelo espaço com seu elegante vestido branco (que foi confeccionado pelo próprio ator) e com sua maquiagem intensa, colorida e bem desenhada que, sob o efeito de luz negra, leva o web-espectador a um universo onírico (ou de pesadelo?). A apresentação, que durou apenas 3 minutos – aliás, é importante mencionar que todas as web-performances apresentadas foram curtas, variando de 1 a 5 minutos -, é simples e tem uma narrativa bastante teatral, seguindo a seguinte sequência de ações: sob o efeito de luz negra levantar do sofá cor de rosa-vermelho; sentar-se de perna aberta e mostrar o que há por baixo (hum!); exibir as luvas brilhantes; levantar e aproximar o rosto da lâmpada de luz negra (realçando a maquiagem); acender as luzes vermelhas do cômodo; pegar o álcool gel e limpar o frasco de lubrificante sexual, higienizar o consolo de borracha e chupá-lo, e, por último, ameaçar o seu cliente com a faca-ameaçadora-cortante. Porém, antes de supostamente cortá-lo, devido à sua consciência social, ela limpa o objeto com o caro e difícil de encontrar álcool em gel 70. A web-performance encerra-se juntamente com os últimos versos da canção Não Esqueça, de Nico Nicolayewski:
Não esqueça que a vida é pra viver Lembre sem medo de esquecer Não espere saber como vai ser Saiba que nunca vai saber
Não esqueça que é tudo ilusão Não esqueça de lavar as mãos
Imagens 2 a 13: Travesti Covidada, de Ádamo Teixeira.
Fotos: Luciano Oliveira
Prints: Raíssa Dourado
Sobre Travesti Covidada, a já citada Walterlina Brasil, escreveu o seguinte:
A parte escura com o efeito da pintura facial foi inquietante. Me deu aflição a relação álcool em gel e o falo. Se não tivesse o nome e não tivesse acendido a luz eu não o reconheceria. (…) [Quanto ao] falo, há variações mais modernas… 😇.
Já Júnior Lopes, professor do Curso de Teatro da UNIR, e um dos web-performers a se apresentar em 19Distâncias, disse, por telefone, que a forma intensamente colorida do trabalho do Ádamo se aproxima do que os colombianos chamam de “Estética Narcos”. Sobre essa estética, há vários artigos disponíveis (tanto em português quanto em espanhol) na internet.
Outra web-performance relacionada ao universo do coronavírus é Ponte, de Teoginis Nascimento, também aluna do Curso de Teatro da UNIR e atriz do Grupo Teatral Sentidos. O delicado trabalho dessa web-performer, que talvez tenha sido o de maior duração, constou da colocação de várias cruzes coloridas no espaço performático, enquanto cantava belamente cantigas de cunho religioso, moral e humano. Tais cruzes eram de tecidos e, provavelmente, foram confeccionadas por ela mesma, que ainda é costureira e figurinista. Enquanto cantarolava letras melancólicas – mais ou menos assim: “O mundo tá muito doente! (…) Você me trata mal e eu te trato bem. (…) As coisas são como salada russa e esfihas de carne” -, Teoginis, que perdeu um ente querido recentemente, assassinado de forma bárbara no interior de Rondônia, dispunha suavemente pelo espaço fileiras de cruzes, provocando nos web-espectadores memórias e sensações da violência da morte.
Imagem 14: Ponte, de Téo Nascimento.
Foto: Téo Nascimento
Por sua vez, Taiane Sales, ex-aluna do Curso de Teatro da UNIR, atriz e performer de vários projetos artísticos de Porto Velho, com a web-performance Sagrada Vida, resgatou, de forma lírico-poética, imagens de mulheres-fantasmas como, por exemplo, a Mulher de Branco, Mulher do Algodão, Noiva do Banheiro e Loira do Banheiro. Mas engana-se quem acha que se trata de um trabalho ingênuo, superficial e clichê. Muito pelo contrário, trata-se de um fazer artístico extremamente plástico, com imagens sonoro-visuais fortíssimas, cujas locações (o quintal da sua casa) e paisagens auditivas (cricris de grilos) foram escolhidas por ela com muito zelo. Arrepiou-me a frase “- Você foi escolhido para compartilhar desse momento!”, pois, afinal, somos sobreviventes da guerra do coronavírus que pôs fim à vida do seu amado pai, o Sr. Nélio da Costa Nunes. Mais uma vez, minhas condolências!
Imagens 15 a 17: Sagrada Vida, de Taiane Sales.
Prints: Maísa Mayara
Outra web-performer que abordou o universo do coronavírus foi Paulina Descry, funcionária do Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia e estudante do Curso de Ciências Jurídicas da Faculdade Católica de Rondônia. Diferentemente do que apresentou no ensaio técnico/ensaio geral – e isso é um problema, ainda mais em se tratando de uma não-profissional das artes cênicas -, o seu trabalho começou com um pequeno texto verbal, mais especificamente sobre o COVID-19. No ensaio geral, ela não havia pronunciado nenhuma palavra. O jogo apresentado foi apenas imagético. Durante sua apresentação no dia 19, após o texto inicial, Paulina foi mostrando aos web-espectadores pequenas placas de papel, escritas à mão, e lendo as informações nelas constantes: “subnotificação, falta de testes, ‘I daí?’, censura, etc”. Ela fazia uma clara crítica à equivocada política de enfrentamento do presidente Jair Bolsonaro ao novo vírus. De repente, um silêncio inesperado! Logo, entra, nesse espaço sem palavras, o web-performer Júnior Lopes, com seu trabalho O Olho Mágico. Num primeiro momento, o web-espectador pode até ter pensado que se tratava de um jogo ensaiado de simultaneidade, porque o encontro de imagens foi bastante interessante e preciso (fica a sugestão para a próxima apresentação do evento!). Contudo, Júnior Lopes, ademais de ser professor de Teatro da UNIR, é um ator experiente. Em pouco tempo sua imagem dominou o espaço virtual, quase que silenciando por completo a imagem-som da jovem aprendiz de teatro. Então, retomando o que eu escrevi anteriormente, reforço a importância de manter a estrutura do trabalho que foi mostrado no ensaio técnico/ensaio geral para que não ocorra problemas como esse.
Mais uma web-performance que estava tratando sobre a temática coronavírus, foi Transolamento, de Gilmar Soares, aluno do Curso de Teatro da UNIR e criador da importante performance Pelo [Lourinho]. Esta ganhou prêmio em um festival de teatro de Minas Gerais e foi exibida no PerforArtNet, um festival virtual de performances da Colômbia. Pelo que vi no ensaio geral, Transolamento é uma web-performance descolada, alegre e divertida, em que uma transexual, em isolamento social, cria uma boate em casa e dança uma Música Disco (Disco Music) em frente ao seu computador. Num dado momento da sua diversão, ela coloca uma máscara branca sobre o rosto e desenha, com batom, uma boca vermelha. Em seguida, retira do soutien um par de camisinhas e, com elas, faz um par de luvas para proteger as mãos. Por último, com plástico filme, cria um equipamento de proteção para a cabeça, uma espécie de máscara de acrílico. Infelizmente, por problemas de conexão com a internet, a apresentação de Gilmar Soares durou apenas alguns segundos. Por isso, publico, a seguir, uma grande sequência de prints de tela feitos durante o ensaio técnico.
Imagens 18 a 38: Transolamento, de Gilmar Soares.
Outros três trabalhos apresentados abordaram assuntos ligados à pandemia que assola o planeta. São eles: Sufocando, de Stéphanie Matos, Streaptease Pandêmica no Breu, de Amanara Brandão, e Cala Boca, de Janaína Valente.
Sufocando, de Stéphanie Matos, aluna concluinte do Curso de Licenciatura em Teatro da UNIR e atriz da Trupe dos Conspiradores e da Cia Peripécias, pareceu-me, por um lado, uma tentativa de crítica ao consumismo exacerbado de produtos alimentícios em tempos de pandemia. Isso porque a web-performer trouxe para os web-espectadores uma partitura de ação que consistia em colocar, uma por vez, e ao som de batidas de funk, várias sacolas de plástico de supermercado na cabeça, até o processo total de sufocamento. É importante mencionar que as sacolas são de uma rede de supermercado muito famosa, e cara, do estado de Rondônia. Por outro lado, as batidas de funk poderiam ser associadas ao sufocamento (mercadológico) que uma forma de expressão cultural que é consumida massivamente pode acarretar ao mundo da arte, em especial à música, em suas diferentes linguagens. Por fim, um ponto a ser refletido por Stéphanie Matos é sobre o acabamento, em termos estéticos, da sua web-performance.
Imagem 39: Sufocando, de Stéphanie Matos.
Foto: Walterlina Brasil.
Streaptease Pandêmica no Breu, de Amanara Brandão, também discente do Curso de Teatro da Unir e atriz do Imaginário-RO, faz uma crítica bem-humorada ao uso, ideológico, da máscara neste período complexo de pandemia de coronavírus. A máscara apresentada seria comunista, por ser vermelha, e indecorosa (aliás, coisa muito comum entre os comunistas!), pois é retirada do rosto de maneira muito sexy; quiçá de modo pornográfico, porque deixam à mostra (nus) os lábios carnudos e suculentos da web-performer. Para “lacrar”, Amanara Brandão saca de sua língua, também molhada e sem vergonha, uma tampinha de garrafa de refrigerante (ou de cerveja?) com o seguinte dizer: “- Fora Bolsonaro”.
Imagens 40 a 45: A indecorosaStreaptease Pandêmica no Breu, de Amanara Brandão.
Prints: Ana Clara Martins
A última web-performance que toca questões referentes ao coronavírus (e eu estou em dúvida dessa assertiva!) é Cala Boca, de Janaína Valente, caloura do Curso de Teatro da UNIR e produtora da Trupe dos Conspiradores. O seu trabalho é uma live de celular, tipo de influencer que não tem muito o que fazer e precisa gerar conteúdo para os seus seguidores, em que a web-performer mostra o seu rosto com uma máscara branca enquanto caminha pela casa. De rebarba, os seguidores têm lampejos visuais do seu imóvel e da rua que mora. Ao final da exibição, Janaína Valente profere a frase: “- Cala a boca!”. Seria essa uma crítica à truculência de Jair Bolsonaro ou eu estou com pensamentos demasiadamente comunistas? Por fim, importa observar, e isto não vale como justificativa para a falta de acabamento estético do trabalho, que essa web-performer estava sem luz e sem sinal de wi-fi em sua residência, desde o dia anterior, pois um caminhão baú arrebentou cabos de energia e de internet da rua em que mora. Inclusive, por esse motivo, ela nem pode participar do ensaio técnico/ensaio geral. Uma sugestão: por que não acrescentar esse ocorrido (que é hilário!) como informação visual ao trabalho?
Imagens 46 a 54: Cala boca, de Janaína Valente.
Prints: Raíssa Dourado.
Outra temática recorrente nas web-performances apresentadas em 19Distâncias foi a violência contra a mulher. Andressa Silva, com E daí?, Selma Pavanelli, com (Des)Velando e Valdete Sousa, com Ensaios sobre Ausências responsabilizaram-se, assim se poderia dizer, por apresentar esse importante assunto no evento.
E daí? , de Andressa Silva, bailarina, professora de ballet e atriz da Beradera Companhia de Teatro, de Porto Velho, é uma fortíssima web-performance baseada na experiência da artista com a dança. Andressa apresentou uma figura – uma mulher – nervosa, com medo, ameaçada e agredida psicológica e fisicamente por seu companheiro. E daí? tem como linguagem predominante uma dança expressiva em que a web-performer performativa belamente pelo espaço da ação. Com a ajuda do seu companheiro (e é muito bom poder contar com o auxílio de outrens nos nossos trabalhos!), a artista conseguiu produzir, além das imagens frontais – características comuns nas lives -, imagens de cima. Isso propiciou aos web-espectadores outra experiência de olhar e chegou a ser até uma surpresa agradável para quem assistia. Agora, um ponto negativo, e isso, nesse caso específico pode ser considerado um paradoxo, foi a mudança total de direção que a artista deu em relação ao trabalho que apresentou no ensaio técnico/ensaio geral. Já escrevi anteriormente, por duas vezes até, que alterações abruptas em um processo artístico, de um dia pro outro, e sem o devido conhecimento do coordenador/diretor, pode ser muito prejudicial, haja vista a grande quantidade de trabalhos que foram apresentados no evento.
Imagens 55 a 70: E daí?, de Andressa Silva.
Prints: Raíssa Dourado
(Des)Velando, de Selma Pavanelli, atriz e palhaça do Teatro Ruante, com música de Adailtom Alves (professor do Curso de Teatro e membro fundador do Ruante) e de Alexandre Falcão (também docente desse curso), transita, esteticamente, pelas artes visuais e pelo cinema (em preto e branco, com música ao vivo). Aliás, essa poderia ser uma nova categoria conceitual para caracterizar outras web-performances de 19Distâncias. A saber: Ensaios sobre Ausências, de Valdete Sousa, Pele que não Habito, de Rafael Brito, Café Preto, de Maycon Moura, e Canto Quieto, de Andrea Melo.
Voltemos ao (Des)Velando. O significado de desvelar, segundo o Dicio (Dicionário Online de Português), é: “Colocar em exposição, removendo o véu que revestia: desvelar uma obra de arte”. Então, me pergunto: o que foi desvelado por Selma Pavanelli ao longo do seu trabalho? Ora, a resposta não é tão simples assim, pois alguns estudos de recepção apontam que os sentidos da obra de arte são dados, em primeiro momento, por quem frui, ou seja, pelo fruidor (Umberto Eco – Obra Aberta). Desta feita, enquanto crítico-fruidor, me permitirei uma aproximação imagética para (Des)Velando. Esta seria: “Como água para Vinho” (parafraseando o excelente filme mexicano Como Água para Chocolate, de 1992), em que a água seria o Adailtom Alves, o chocolate a Selma Pavanelli, e a pimenta o Alexandre Falcão. A estética de (Des)Velando poderia ainda ser aproximada a de muitos filmes (ou até teatro) de animação que assisti. Nesse caso, uma animação-política, para aludir ao universo do teatro-político recorrente nos espetáculos de rua dos ruantes. A crítica sócio-política mais marcante nesse trabalho é a violência contra a mulher, cujos números aumentaram consideravelmente, em Rondônia, neste período de isolamento social que estamos vivendo. As gotas de vinho que caem, pari passu, na taça, e, depois, nos recortes de jornais, representariam o sangue de dezenas de mulheres que são agredidas e/ou assassinadas diariamente em nosso estado. Finalmente, um ponto a ser observado pelos envolvidos em (Des)Velando é sobre a necessidade de uma melhor equalização sonora do trabalho, pois há uma disparidade entre o volume da guitarra e o canto do professor Adailtom. Quase não se ouve a letra da música, tanto é que não me arrisquei redigir ao menos uma estrofe do que foi cantado.
Imagens 71 a 74: (Des)Velando, de Selma Pavanelli.
Fotos: Bruna Pavanelli.
Imagens 75 a 79: (Des)Velando, de Selma Pavanelli.
Prints: Gabriel Corvalin
Ensaios sobre Ausências, de Valdete Sousa, atriz e diretora do Grupo de Teatro Wankabuki, de Vilhena, apostou altíssimo na visualidade e na poesia da imagem. E a aposta foi ganha! Essa web-performance, além de todo o lirismo audiovisual, traz aos web-espectadores uma denúncia da violência contra a mulher. Utilizando-se de um interessante jogo de espelhos, em que uma poça de água reflete o rosto sofrido e repleto de medo de uma mulher, o trabalho evolui sob (ou sobre) uma camada de trilha sonora em que se ouvem respirações ofegantes, lamentos e o gotejar de um líquido que chora sobre o outro. Mas nem tudo são flores quando se depende de internet em Rondônia. Um sinal fraco prejudicou a conclusão da belíssima web-performance que estava sendo apresentada.
Imagens 80 a 83: Ensaios sobre Ausências, de Valdete Sousa.
Prints: Valdete Sousa
Pele que não Habito, de Rafael Brito, aluno do Curso de Teatro da UNIR e sonoplasta da Trupe dos Conspiradores, é outra web-performance que poderia ser colocada dentro de uma linguagem performática que une artes visuais e cinema. Tratar-se-ia de um filme de terror, no qual um monstro de boca de proporções enormes cria medo nos web-espectadores. Essa figura monstruosa, toda vestida de preto (o que produz uma imagem belíssima!), lembrou-me de alguns filmes de terror que já assisti como, por exemplo, [REC], filme espanhol dirigido por Jaume Balagueró e Paco Plaza, lançado em 2007. Já a trilha sonora me fez recordar de filmes de terror de bonecas, a exemplo de Annabelle e a Boneca do Mal. Sem sombra de dúvidas, Pele que não Habito é um dos melhores trabalhos que vi de Rafael Brito enquanto aluno do Curso de Teatro. Nessa web-performance ele soube, em termos estético-poéticos, unir imagem, som e presença cênica em frente ao olho amedrontador da câmera que nos fita pela janela.
Imagens 84 a 87: Pele que não Habito, de Rafael Brito.
Prints: Rafael Brito
Imagens de tiroteios dos dois volumes de Kill Bill, de Quentin Tarantino, é que vieram à minha cabeça ao assistir à forte web-performance Café Preto, de Maycon Moura, aprendiz de teatro e membro do Teatro Ruante. Utilizando uma caneca de cor preta como revólver, o artista encarava ameaçadoramente os web-espectadores, disparando contra eles. Enquanto projéteis imaginários eram disparados contra nós, atrás da figura do web-performer era projetado um vídeo, muito bom por sinal, no qual via-se escorrendo um líquido preto. O trabalho desse artista é forte, masculino e constitui-se também como uma potente e necessária crítica à violência contra os negros. Além de presente nas ações, esta pode ser notada ainda nas cores predominantes do seu trabalho: branca, preta e vermelha; sendo que essas duas últimas conotariam o sangue negro que escorre pelos planos das desigualdades sociais, racismo e intolerância. Terminando suas ações performáticas, a caneca deixa de ser revólver (função terciária do objeto) e retoma a sua função primária (caneca para tomar café) (Luciano F. Oliveira. Eid Ribeiro e o Armatrux em Processo: o objeto flutuante entre a poética e a estética teatral). É justamente essa última parte que eu não acho interessante, pois ela me parece enfraquecer o forte sentido que é dado quando o objeto em nível terciário é usado para matar e silenciar.
Imagens 88 a 91: Café Preto, de Maycon Moura.
Prints: Maycon Moura
Andrea Melo, dançarina contemporânea que criou Canto Quieto, é daquelas artistas que queremos ter em nossas equipes para montagem de qualquer trabalho. Mulher madura e mãe, artisticamente, ela é também uma explosão de emoções técnico-estético-poéticas. Em seis anos de Porto Velho, ainda não vi nenhum trabalho frágil dela. Por esse motivo, foi mais do que justo, e necessário, que a belíssima web-performance Canto Quieto abrisse a série de apresentações de 19Distâncias. Necessário porque espera-se muito dela, e ela sempre corresponde às expectativas. Necessário porque ela tem presença e sabe muito bem conduzir o olhar do espectador. Necessário porque, em cena, e não somente nela, ela é linda e produz imagens corporais sempre muito potentes. Mesmo que, cenicamente, ela não objetive a beleza, a estética do belo a persegue. Canto Quieto é assim, pois é marcante, é simples-complexo, com movimentos harmonicamente criados. Estes produzem sombras que lembram o Expressionismo Alemão, que trazem à memória as distorções de Nosferatu e do Gabinete do Dr. Caligari. E me recordam também a minha finada Vó Olga, balançando-se em sua cadeira e, de pernas sempre cruzadas, fazendo seu chinelo de borracha bater, ritmicamente, no chão e no calcanhar: “chilept, chilept, chilept”. E ela, minha avó, quietinha em seu canto, lá no interior de Minas Gerais (em João Monlevade), e nós ouvindo: “chilept, chilept, chilept”.
Imagens 92 a 95: Canto Quieto, Andrea Melo.
Fotos: Lua Clara
Peito, Sagrado Peito, de Jaqueline Luchesi, aluna do Curso de Teatro da UNIR, mas que está morando em Brasília, nos coloca frente a frente com mais uma mulher poderosa de 19Distâncias. Aliás, a força do sexo feminino é temática recorrente nos trabalhos dessa artista, que é assumidamente feminista. Mãe de Ulisses, que já tem 3 anos, Jaque (como carinhosamente a chamamos) mostrou para os web-espectadores a força dos peitos, seja como um dos símbolos do poder e da sensualidade da mulher, seja como importante órgão para a amamentação dos filhos. Ou seja, ela faz uma homenagem ao seu amado “bebê” e também à todas as mulheres e crianças. E mais, faz uma análise inteligente e delicada sobre a excessiva sexualização dos seios que, para ela, são sagrados, e à objetificação do corpo feminino. Desenvolvendo ações sensuais, tendo como pano de fundo uma música infantil, quase uma canção de ninar, a web-performer nomeia seu corpo de corpo sem juízo, sem freios e que se constitui como uma mensagem de tolerância de gênero e um pedido (ou uma ordem?) de respeito, nem que seja à base de porrada: “pow”! Para finalizar, importa mencionar a belíssima e competente maquiagem (facial e corporal) feita por Jaque Luchesi para uma figura feminina que coloca no cerne da sua performance o hierático corpo da mulher. Vivas às mulheres!
Imagens 96 a 99: Peito, Sagrado Peito, de Jaqueline Luchesi.
Foto 96: Jéssica Gotlib. Prints 97 e 98: Raíssa Dourado. Print 99: Jaque Luquesi.
O professor e ator Júnior Lopes, com o seu Olho Mágico, envereda, pelo menos para mim, por um caminho que ainda não o tinha visto traçar em Porto Velho: a seriedade do drama (ou, se não quisermos colocar os gêneros em uma caixinha, por algo que não seja a comédia). Reconhecido pelo excelente trabalho cômico realizado em Tabule, bem como pelo trabalho consistente de atuação em Cassandra, BR-trans-amazônica, Júnior Lopes vai dar braçadas em outros mares cênicos, mas sem deixar, ao menos por completo, a comicidade de lado. Sabemos que o olho mágico de uma porta nos permite enxergar o que há do outro lado sem sermos vistos. Assim, evitamos visitas indesejadas. Contudo, o dispositivo de “vigilância” apresentado por esse web-performer em 19Distâncias o coloca em risco extremo, haja vista mais de cem pessoas o “vigiar” ao mesmo tempo, como uma espécie de Grande Irmão (Big Brother), de George Orwell, em que “o Grande Irmão zela por ti” ou “o Grande Irmão está te observando”. Sendo zelado ou ameaçado pelos web-espectadores, o ator desenrola suas ações performáticas confinado, literalmente, em sua casa. Mas ele não se intimida e tenta ver o que tem por trás daquele olho que o vê. A comicidade no seu trabalho “sério” é sentida na divertida transmissão radiofônica de uma novela (brasileira, mexicana ou árabe?). Todavia, essa rádio-novela, bem como o passeio pelo seu “quartinho vagabundo”, é interrompida, por diversas vezes, por problemas de sintonia da “rádio-internet”.
Imagens 100 a 105: Olho Mágico, de Júnior Lopes.
Prints: Raíssa Dourado e Edilson Schultz
Cláudio Zarco, ex-aluno do Curso de Teatro da UNIR e mestrando do Programa de Pós-graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal de Ouro Preto, com sua web-performance HTML – BLUE – HTML – PINK traz para o centro do seu trabalho as artes visuais, mais especificamente as cores e a argila. Por que não a pintura? “Azul e rosa sobre argila marrom e fundo branco” talvez seja uma boa tradução para o título por ele proposto e até mesmo uma síntese estética do seu trabalho. Plasticidade na forma e qualidade no movimento são os pontos fortes da sua web-performance, que brinca com a dicotomia limpeza-sujidade, tendo o corpo como tela de pintura. O pronto fraco do trabalho é a música que, por problemas técnicos, foi difícil de ouvir.
Imagens 106 a 108: HTML – BLUE – HTML – PINK, de Cláudio Zarco.
Foto 106: João Pedro Zuccolotto; Prints 107 e 108: Raíssa Dourado.
Rafael Barros, jovem artista portovelhense – que não é mais promessa no campo da performance, com Tudo que Cai faz lembrar alguns trabalhos marcantes dos primórdios da performance dos Estados Unidos na década de 1960 como, por exemplo, o Voom Portraits: Brad Pitt, de Robert Wilson, no qual o ator Brad Pitt, ainda moço, aparece em um vídeo tomando banho seminu, apenas calçando meias brancas, vestindo uma ceroula branca e portando um revólver em uma das mãos. O web-performer Rafael Barros, por sua vez, ao se molhar no chuveiro da sua casa, investe na expressividade do seu interessante corpo magro, em que se vêem as costelas saltadas, e dos cabelos compridos e molhados que cobrem o seu rosto, como um véu negro encaracolado. Enquanto se banha, Rafael Barros bebe algo negro em uma taça (creio que seja Coca-Cola) e a água que cai lava seu corpo, bem como enche a taça em sua mão. Então, os líquidos formam uma mistura homogênea que escorrega corpo a fora, seguindo rumo ao Rio Madeira e alcançando o longínquo Oceano Atlântico.
Imagem 109: Tudo que cai, de Rafael Barros.
Foto: Ana Clara Martins.
Feitas algumas observações sobre cada uma das 19 web-performances apresentadas, passo a alguns corolários.
O primeiro diz respeito a como um web-performer pode “ficar fora de cena” em um evento on-line. Se fosse num teatro, os artistas esconder-se-iam, em silêncio, nas coxias, concentrando-se para entrarem em cena no momento adequado. Então, quais seriam os modos mais eficazes para que os artistas de 19Distâncias pudessem aguardar os web-espectadores chegarem ao evento, tomarem lugar e se fazerem presentes para cada trabalho a ser apresentado? Pensem sobre isso.
O segundo trata-se de uma constatação. Face às dezenas de eventos artísticos que estão ocorrendo durante a pandemia de coronavírus, observo que muitos não foram pensados, tecnicamente, para serem apresentados em plataformas digitais como o Google Meet e Zoom. Este não é o caso de 19Distâncias, mesmo que os web-performers tenham enfrentado problemas técnicos como velocidade de internet e acesso a bons equipamentos tecnológicos. Assim, não basta apenas que exibamos os vídeos e filmagens de tais eventos para que eles sejam considerados como virtuais. É preciso, antes de qualquer coisa, pensar nessas plataformas digitais como espaços específicos que necessitam de linguagens adaptadas a esses espaços. E não somente de linguagens, mas também de equipamentos e de profissionais capacitados para essa nova realidade que estamos experimentando. Assim, nós das artes cênicas (teatro, dança, performance, circo e ópera), temos muito a aprender com especialistas da publicidade e propaganda, do cinema, do vídeo e da televisão.
Por último, nota-se que, mesmo tendo um caráter pedagógico, 19Distâncias apresenta e consolida a web-performance no estado de Rondônia, configurando-se como um evento de sucesso. O futuro é o aprimoramento e o aprofundamento dessa linguagem, e de outras correlatas, para que muitas web-circulações ao vivo aconteçam e conectem a capital rondoniense ao mundo. Vida longa ao “Fórum Performance-arte Norte”!
Muitos alunos do Curso de Licenciatura em Teatro, assim como atores e atrizes da cena teatral do estado de Rondônia, me procuram para se informarem quanto devem cobrar pelos seus trabalhos em campanhas publicitárias.
Essa não é uma questão fácil de responder, pois, como mencionado no post “Prostituição dos Atores de Rondônia”, são muitas as variáveis. Contudo, dá para se ter uma noção dos valores a serem cobrados aqui em nosso estado tendo como base algumas tabelas de preços encontradas facilmente na internet, principalmente em sites regionais do SATED (Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões), como, por exemplo, o do SATED-RS: https://www.satedrs.com.br/valores-referenciais
Usarei como referência a tabela do Sindicato do Rio Grande do Sul porque a realidade profissional no Sudeste, em especial em São Paulo, é muito diferente do resto do país. Acredito que muitas das empresas anunciantes em Rondônia não têm o mesmo poder financeiro que as empresas da região Sudeste do Brasil. Então, essa já é uma variável a ser levada em consideração.
Pois bem, então podemos afirmar que a cena profissional de Rondônia é parecida à do Rio Grande do Sul? Em termos financeiros sim. Já em termos de políticas públicas para a cultura não. Mas este é um assunto para outro momento.
Vamos à pergunta que se pode deferir do assunto principal do post: quanto cobrar? O site do SATED-RS divide os Pisos para Publicidade e Propaganda – Prestação de Serviços em três categorias, de acordo com a classificação dos produtos e conforme a duração de veiculação da propaganda (6 meses e 12 meses). São elas:
CATEGORIA “A”:
CAMA, MESA E BANHO, CIA. DE ALUGUEL, DECORAÇÃO, DROGARIAS, SERVIÇOS DE SAÚDE (ODONTOLÓGICOS E ESTÉTICOS), EDITORAS, EMISSORAS DE RÁDIO, FEIRAS E EXPOSIÇÕES, IMÓVEIS, INSTITUIÇÕES EDUCACIONAIS, LIVRARIAS, LOJAS DE DEPARTAMENTO, LOJAS DE VAREJO, MAGAZINES, MODA E ACESSÓRIOS, ÓRGÃOS GOVERNAMENTAIS, ONGS, RESTAURANTES, LOJAS DE SERVIÇOS VIRTUAIS, SUPERMERCADOS, TVS E CANAIS POR ASSINATURA.
06 MESES:
ATOR/ATRIZ – PRINCIPAL R$ 6.540,90 + 20%
ATOR/ATRIZ – COADJUVANTE R$ 4.618,20 + 20%
12 MESES:
ATOR/ATRIZ – PRINCIPAL R$ 11.432,80 + 20%
ATOR/ATRIZ – COADJUVANTE R$ 7.835,80 + 20%
CATEGORIA “B”:
BEBIDAS NÃO ALCOÓLICAS, CIAS. AÉREA, COMESTÍVEIS, ELETRODOMÉSTICOS, ELETRÔNICOS, APARELHOS CELULARES, APARELHOS E COMPONENTES DE INFORMÁTICA, EMISSORAS DE TV ABERTA, FAST-FOODS, HOTÉIS, JORNAIS, LINGERIE, MODA PRAIA, MOTOS, PRODUTOS DE LIMPEZA, PRODUTOS PARA ANIMAIS, REVISTAS, SHOPPINGS, VIAGENS E TURISMO.
06 MESES:
ATOR/ATRIZ – PRINCIPAL R$ 9.616,70 + 20%
ATOR/ATRIZ – COADJUVANTE R$ 6.803,00 + 20%
12 MESES:
ATOR/ATRIZ – PRINCIPAL R$ 16.027,80 + 20%
ATOR/ATRIZ – COADJUVANTE R$ 11.540,00 + 20%
CATEGORIA “C”:
PROVEDORES DA INTERNET, BANCOS, BEBIDAS ALCOÓLICAS E REFRIGERANTES, CARROS, CARTÕES DE CRÉDITO, INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS, CIGARROS, HIGIENE PESSOAL, MEDICAMENTOS, PERFUMARIAS, POSTOS E SERVIÇOS AUTOMOTIVOS, PRODUTOS DE BELEZA E COSMÉTICOS, SEGURADORAS, PLANOS DE SAÚDE, TELEFONIA CELULAR E CONVENCIONAL.
06 MESES:
ATOR/ATRIZ – PRINCIPAL R$ 12.822,30 + 20%
ATOR/ATRIZ – COADJUVANTE R$ 8.975,60 + 20%
12 MESES:
ATOR/ATRIZ – PRINCIPAL R$ 21.417,90 + 20%
ATOR/ATRIZ – COADJUVANTE R$ 15.006,80 + 20%
Já para FIGURAÇÃO, aquela pontinha que fazemos na propaganda e damos “apenas” um leve sorriso, mas que consome um tempão do nosso tempo no set de filmagem, os preços, para veiculação de uma propaganda de 6 meses, seriam:
– Categoria A – R$ 771,70;
– Categoria B – R$ 451,20 ;
– Categoria C – R$ 320,60.
Já para a filmagem de Vídeos Internos/Treinamento/Institucional, com veiculação de até 6 meses, os valores praticados são:
ATOR/ATRIZ – PRINCIPAL: R$ 1.200,00;
ATOR/ATRIZ – COADJUVANTE: R$ 900,00.
Ah, tem também as empresas e anunciantes que contratam atores e atrizes para serem modelos de Detalhes de Corpo(NARIZ, OLHOS, BOCA, PÉS, MÃO): R$350,00 (por parte exibida). Eu mesmo, quando morava em Belo Horizonte, vivia mandando fotos de mãos e de pés para agências publicitárias que anunciavam produtos para essas partes do corpo como, por exemplo, hidratantes e esmaltes. Já em Florianópolis, conheci um sujeito que era garoto propaganda de bumbum. Sempre via fotos do seu rechonchudo traseiro nas caixas de cuecas que eram vendidas em shoppings e lojas de varejo. Infelizmente, na época, isso em 2009, ele não quis revelar quanto ganhava para realizar tais promoções! Hoje, a partir deste post, já consigo imaginar o cachê dele.
O site do SATED-RS aponta também que “NUDEZ DEVE SER SOB CONSULTA E DE LIVRE NEGOCIAÇÃO DE VALORES” e que ” REEMBOLSO DE DESPESAS PARA TESTE (é de) R$ 60,00″. E esclarece também:
“PARÁGRAFO PRIMEIRO: NA CONTRATAÇÃO DO ATOR O VALOR TOTAL DA REMUNERAÇÃO CORRESPONDE AO PAGAMENTO DA(S) DIÁRIA(S) DE SERVIÇOS DO PROFISSIONAL MAIS OS PERCENTUAIS CORRESPONDENTES AO PAGAMENTO DOS DIREITOS CONEXOS (CONCESSÃO DE USO DE IMAGEM E SOM) DO PROFISSIONAL, CONFORME APLICAÇÃO DAS TABELAS ACIMA ESTIPULADAS NESTA CLAUSULA.
PARÁGRAFO SEGUNDO: OS PERCENTUAIS CORRESPONDENTES AO PAGAMENTO DOS DIREITOS CONEXOS (CONCESSÃO DE USO DE IMAGEM E SOM) SERÃO APLICADOS OBRIGATORIAMENTE EM REFERÊNCIA AO VALOR DA PRIMEIRA DIÁRIA, FICANDO AS DEMAIS DIÁRIAS INDEXADAS OU NÃO AOS ÍNDICES PERCENTUAIS REFERIDOS CONFORME LIVRE ACORDO ENTRE EMPREGADO E EMPREGADOR.
PARÁGRAFO TERCEIRO: A DIÁRIA NORMAL DE TRABALHO DO ATOR SERÁ DE ATÉ, NO MÁXIMO, 8 (OITO) HORAS EFETIVAMENTE TRABALHADAS.
PARÁGRAFO QUARTO: A DIÁRIA DE TRABALHO DO ATOR TERÁ INÍCIO A PARTIR DA HORA EM QUE ELE ESTIVER À DISPOSIÇÃO (APRESENTAÇÃO AO SET DE FILMAGEM) DO CONTRATANTE (PRODUTORA), ATÉ A HORA DO TÉRMINO DOS SERVIÇOS.
PARÁGRAFO QUINTO: O HORÁRIO MARCADO PARA A CHEGADA DO ATOR AO SET DE FILMAGEM DEVERÁ SER O MAIS PRÓXIMO POSSÍVEL DO INÍCIO DAS FILMAGENS, EVITANDO-SE DESSA FORMA OBRIGAR ATOR, ATRIZ A CHEGAR ANTES OU DURANTE A MONTAGEM DO SET.
PARÁGRAFO SEXTO: PARA SE OBTER O VALOR TOTAL DE DIÁRIAS EXTRAS, MULTIPLICA-SE O VALOR DA UMA DIÁRIA PELO NÚMERO DE DIÁRIAS EXTRAS EFETIVAMENTE TRABALHADAS.
PARÁGRAFO SÉTIMO: AS HORAS E DIÁRIAS EXTRAS INCORPORAM O VALOR TOTAL DO CONTRATO DE TRABALHO DO ATOR E DEVERÃO SER PAGAS JUNTAMENTE COM ESSE CACHÊ.
– TRABALHO DE ESTAGIÁRIOS: PODERÃO SER ADMITIDOS ESTAGIÁRIOS, DE ACORDO COM A LEI 11.788 DE 25/09/2008.
PARÁGRAFO ÚNICO: FICA VEDADA A UTILIZAÇÃO DE ESTAGIÁRIOS EM SUBSTITUIÇÃO AO TÉCNICO PROFISSIONAL.
– CONTRATO DE PROFISSIONAIS: É OBRIGATÓRIO PARA O EXERCÍCIO PROFISSIONAL DE QUE TRATA O DECRETO Nº 82.385, DE 05 DE OUTUBRO DE 1978, QUE REGULAMENTOU A LEI Nº6.533, DE 24 DE MAIO DE 1978, O PRÉVIO REGISTRO NA DELEGACIA REGIONAL DO TRABALHO E EMPREGO, FICANDO VEDADA A CONTRATAÇÃO DE PROFISSIONAIS POR PRAZO DETERMINADO, TEMPORÁRIO OU EVENTUAL QUE NÃO POSSUAM TAL REGISTRO (sublinhados meus).
– REGISTRO PROVISÓRIO E CONTRATO DE TRABALHO: SERÁ PERMITIDA A CONTRATAÇÃO DE PROFISSIONAIS COM REGISTRO PROVISÓRIO, CONFORME O ART. 17 DO DECRETO Nº 82.385/78.
– FIGURANTE EM ATUAÇÃO ESPORÁDICA: A CONTRATAÇÃO DE FIGURANTE NÃO QUALIFICADO PROFISSIONALMENTE, PARA ATUAÇÃO ESPORÁDICA (sublinhado meu), DETERMINADA PELA NECESSIDADE DAS CARACTERÍSTICAS DA OBRA OU LOCAÇÃO, SERÁ FEITA MEDIANTE APROVAÇÃO CONJUNTA DO SINDICATO CONVENIENTE, CONFORME ART. 56 DO DECRETO Nº 82.385/78.
– PROFISSIONAL ESTRANGEIRO: AS EMPRESAS SE COMPROMETEM A RECOLHER A IMPORTÂNCIA DE 10% DO VALOR TOTAL DA REMUNERAÇÃO DE PROFISSIONAL ESTRANGEIRO DOMICILIADO NO EXTERIOR À CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, EM NOME DO SATED/RS, CONFORME ESTABELECEM O ART. 25 DE LEI 6.533/78 E O ART. 53 DO DECRETO Nº 82.385/78.
– UTILIZAÇÃO DE NÃO PROFISSIONAIS: A UTILIZAÇÃO DE NÃO PROFISSIONAIS EM FUNÇÕES PRIVATIVAS DE ARTISTAS E TÉCNICOS EM ESPETÁCULOS DE DIVERSÕES, DEPENDERÁ DE PRÉVIA AUTORIZAÇÃO DO SATED/RS. (sublinhados meus).
PARÁGRAFO PRIMEIRO: A AUTORIZAÇÃO A QUE SE REFERE O CAPUT DESTA CLAUSULA SERÁ CONDICIONADA AO RECOLHIMENTO, EM FAVOR DO SATED/RS, DA IMPORTÂNCIA DE 15% (QUINZE POR CENTO) DO AJUSTE TOTAL DA CONTRATAÇÃO DE NÃO PROFISSIONAL À CAIXA FEDERAL EM NOME DA ENTIDADE SINDICAL DOS ARTISTAS E TÉCNICOS – SATED/RS”.
____________________________
Como pudemos observar nas citações acima, o SATED-RS tem amparo legal para propor os valores referenciais, bem como para cobrar o registro profissional dos atores e atrizes que atuam em campanhas publicitárias. Vimos também que os NÃO PROFISSIONAIS, desde que tenham autorização do sindicato, e que com este contribuam com uma taxa de 15% do valor do cachê, podem atuar em comerciais. Todavia, aqui em Rondônia, devido à desarticulação do SATED-RO, nós atores e atrizes estamos completamente desamparados. Por isso, é importante cobrarmos do nosso sindicato maior atuação frente aos abusos que ocorrem em nosso estado. Abusos estes que se dão em três frentes: 1- o vergonhoso cachê pago aos artistas; 2- a utilização de não profissionais em campanhas publicitárias; 3- A não redação e assinatura de um contrato de trabalho.
Para finalizar este post gigantesco, mas necessário, gostaria de chamar a atenção da classe teatral de Rondônia para a necessidade de uma articulação junto ao SATED-RO (quem são?) a fim de criarmos a nossa tabela de valores e cobrarmos das produtoras maior profissionalismo, respeito e valorização do nosso trabalho. Direitos são para serem respeitados! E os deveres para serem cumpridos!
Esta bem que podia ser uma indagação existencialista à la Sartre. Mas não! Trata-se, antes de qualquer coisa, de uma madura montagem teatral da Cia de Artes Fiasco, de Rondônia ─ agora com sede em Ji-Paraná ─ estreada no Teatro 1 do SESC Esplanada no último sábado, 09 de novembro de 2019, numa noite de forte e ruidosa tempestade.
Com encenação cuidadosa e delicada de Fabiano Barros, esse
espetáculo, cuja montagem foi contemplada pelo Prêmio Sesc de Incentivo às
Artes Cênicas (2019), conta ao espectador, sem palavras, e utilizando-se de
princípios estéticos do Teatro Imagem, a história de um homem solitário e
deprimido, quiçá portador de Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC).
Tal homem repete, muitas vezes, por dias a perder de vista,
as mesmas ações: acordar, dar comida ao pássaro (aliás, inexistente na gaiola!),
mexer no despertador que não funciona, retirar e colocar a gravata no pescoço,
aguar uma planta sem vida ─ utilizando um regador sem água ─, se alimentar ─
sem ter nada no prato pra saborear ─, dar corda a um gramofone e ouvir dali um
ruído sem som, datilografar em uma máquina de escrever sem papel e voltar a
dormir novamente numa cadeira de balanço que não é cama. Essas ações absurdas e
repetitivas, e a repetição no espetáculo da Cia Fiasco é necessária, gera
ritornelos imagéticos e musicais. Aliás, a música é executada ao vivo pelo
competente Rinaldo Santos, que cria as atmosferas e climas os mais complexos e
psicodélicos possíveis para o desenrolar das ações cênicas. Inclusive, em dois
momentos, ele balbucia uma bela e triste melodia que acentua o exílio da
personagem, que aqui chamarei apenas de homem triste e solitário (sola et tristis homo). Por seu turno, os
raios, os trovões, as fortes ventanias e os densos pingos d’água sobre o teto
do teatro foi um ganho musical, um presente da natureza para uma já potente
dramaturgia sonora.
O homo,
competentemente representado por Nestor Neto, vive, por si só, em uma casa bela:
retrô. Faz do passado colorido o seu presente sem pigmento; dos formosos e
antigos objetos a sua melancólica companhia. A propósito, o cenário de Onde morrem os pássaros? é primoroso! Fabiano Barros
preocupou-se com os mínimos detalhes de cada móvel; com a semiótica de cada
objeto. Antiquário. Talvez seja esta a palavra mais oportuna para referir-se à
cenografia. E, quem sabe, também à indumentária, se assim pode ser chamada.
O vazio do protagonista é atravessado por uma
mulher (mulier): amante? Amiga? Parente?
Empregada? Não se sabe ao certo. Contudo, pela atuação eficiente e segura de
Laura Martins, nota-se que essa mulher é alguém que traz em sua bagagem a esperança.
E em sua mão um manuscrito, redigido em papel vermelho, a cor da paixão. A cor
do poeta Binho! Essa personagem se mete, como um fórceps, no cotidiano do depressivo.
Porém, a princípio, sua presença é ignorada pelo homo que está fechado, triste e ranzinza em seu paletó empoeirado. Todavia,
aos poucos a confiança é conformada, assim como se concilia a dor ao remédio.
Um pouco de vida é introjetada naquele cotidiano asfixiante, sofrido. Um
respiro feminino alivia a misantropia masculina. A música e a escrita, a arte
(sempre ela!), se tornam presentes para acalentar aquela alma que vagava
solitária pela morada.
Mas a melancholia,
como uma praga medieval, captura também a mulher. E esta, sem forças, é
contaminada ─ poeticamente ─ por essa maldita doença do século: a depressão. O
que fazer agora? Continuar a sofrer? Se matar? Não, acordar e viver, como os
deliciosos raios de sol que despontam a cada manhã de inverno.
Volta o ritornelo inicial. Porém, agora com uma
nova morte-vida: a da mulier. Quem
nunca se pegou perguntando acerca dos seus ritornelos semanais? Acordar, comer,
ir ao banheiro, tomar banho, enfrentar o trânsito, ir pro trabalho, enfrentar o
chefe, almoçar, ir ao banheiro, voltar a trabalhar, enfrentar novamente o
chefe, ir pra casa, enfrentar de novo o trânsito, comer, amar, dormir, acordar novamente,
ir pro trabalho, etc, etc, etc. Enfim, Onde morrem os pássaros? fala também
sobre isso: a vida que passa sem se dar conta. Sobre a presença da solidão:
quando uma pessoa tem alguém e continua a se sentir só. Sobre ritornelos
diários. Quod mors in omnes!